domingo, 27 de junho de 2010

Sobre solidão e cores


Eu gosto de estar sozinha. Ir ao cinema sozinha, caminhar sozinha pelas ruas, tão perdida nos meus próprios pensamentos que nem noto as pessoas que estão do meu lado. Por instantes, entre ideias soltas, eu sinto que o mundo é só meu.

Mas às vezes essa solidão me sufoca. Não a solidão de estar sozinha. Essa é tão parte de mim que não me incomoda, não é ruim. A maior solidão é estar longe das pessoas da sua vida, é estar em um lugar onde você não se encontra, quando o seu coração se separa do resto do seu corpo. É o momento em que você se lembra que não é imune, que nem todas as intenções são boas e que o mundo é cheio de imperfeições.

Há horas em tudo o que se quer é apenas escutar uma voz familiar, sentar ao lado de um amigo, reconhecer o cheiro de alguém e tudo o que se precisa é de alguém pra chamar de seu. A solidão nos faz sentir como fantasmas vagando através de estranhos, passando sem deixar vestígios nem lembranças.

Recomeçar às vezes é necessário, mas nem sempre desejado. É uma parte complicada, quando se tem que deixar de lado tudo aquilo que era certo e se aventurar por caminhos totalmente desconhecidos. O desconhecido assusta. E por mais que você acredite em seus propósitos, chegará a hora em que aquilo que pra você era tão importante, hoje não passa de banalidade.

Talvez seja tudo uma questão de tempo. No fim, é tudo uma questão de tempo mesmo.

Depois que você começa a enxergar com mais clareza a grandeza da vida, muita coisa se torna banalidade. E o tempo, o senhor tempo assume o controle, enquanto nós, seguimos. E só.

Uma vez escutei de alguém uma frase solta numa conversa cotidiana que me marcou muito: “A vida é preto e branco, às vezes ela é colorida”. Fiquei pensando muito sobre isso e concluí: essa é a coisa mais certa que já ouvi. É um fato.

A gente passa muito mais tempo vivendo as nossas obrigações, as nossas dúvidas, as nossas dores do que se divertindo, dançando, amando. Não acho que isso seja errado, talvez é até melhor. As lágrimas nos ensinam mais, são elas que nos fazem valorizar os sorrisos.

Afinal de contas, se a gente não vivesse tantos momentos em preto e branco, como é que iríamos saber reconhecer os coloridos?


Nicoli Fabrini


sexta-feira, 11 de junho de 2010

Only a phase, these dark cafe days...




"You laugh, he said you think you're immune,
Go look at your eyes
They're fool of moon
You like roses and kisses and pretty men to tell you

All those pretty lies, pretty lies
When are you gonna realize they're only pretty lies
Only pretty lies, pretty lies"



Música: The last Time I saw Richard-Joni Mitchell



Nick* Fabrini

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Toca Raul!




Eu sou egoísta


Se você acha que tem pouca sorte
Se lhe preocupa a doença ou a morte
Se você sente receio do inferno
Do fogo eterno, de Deus, do mal
Eu sou estrela no abismo do espaço
O que eu quero é o que eu penso e o que eu faço
Onde eu tô não há bicho-papão
Eu vou sempre avante no nada infinito
Flamejando meu rock, o meu grito
Minha espada é a guitarra na mão
Se o que você quer em sua vida é só paz
Muitas doçuras, seu nome em cartaz
E fica arretado se o açúcar demora
E você chora, cê reza, cê pede... implora...
Enquanto eu provo sempre o vinagre e o vinho
Eu quero é ter tentação no caminho
Pois o homem é o exercício que faz
Eu sei. que o mais puro gosto do mel
É apenas defeito do fel
E que a guerra é produto da paz
O que eu como a prato pleno
Bem pode ser o seu veneno
Mas como vai você saber... sem tentar?
Se você acha o que eu digo fascista
Mista, simplista ou anti-socialista
Eu admito, você tá na pista
Eu sou ista, eu sou ego
Eu sou ista, eu sou ego
Eu sou egoísta
Eu Sou...
Sou Egoísta,
Eu Sou,
Sou Egoísta
Eu Sou, Eu sou...


Por quem os sinos dobram

Nunca se vence uma guerra lutando sozinho
Cê sabe que a gente precisa entrar em contato
Com toda essa força contida e que vive guardada
O eco de suas palavras não repercutem em nada
É sempre mais fácil achar que a culpa é do outro
Evita o aperto de mão de um possível aliado
Convence as paredes do quarto, e dorme tranqüilo
Sabendo no fundo do peito que não era nada daquilo

Coragem, coragem,
se o que você quer é aquilo que pensa e faz
Coragem, coragem, eu sei que você pode mais


Raul Seixas


O gênio incomprendido, o maluco-beleza, o bruxo, o Raulzito!
Um sonhador grande demais pra os seus próprios sonhos, um poeta a frente do seu tempo. Passe o tempo que for Raul foi e sempre será referência no rock e na música brasileira. Suas mensagens tão abstratas e ao mesmo tempo tão claras, sua sociedade alternativa, sua maluquez misturada com sua lucidez são marcas inconfundíveis da sua música e poesia.
Quem escutou Raul, aliás quem sentiu Raul, com certeza não tem mais "aquela velha opinião formada sobre tudo". E quem não escutou...bem, ainda tá em tempo!

Tentei mas não consegui escolher qual das duas músicas eu gosto mais!



Toca Rauuuul! Toca sempre!




Beijos


Nick* Fabrini