quarta-feira, 17 de agosto de 2011

O Amor Antigo



O amor antigo vive de si mesmo,
não de cultivo alheio ou de presença.
Nada exige nem pede. Nada espera,
mas do destino vão nega a sentença.

O amor antigo tem raízes fundas,
feitas de sofrimento e de beleza.
Por aquelas mergulha no infinito,
e por estas suplanta a natureza.


Se em toda parte o tempo desmorona
aquilo que foi grande e deslumbrante,
o amor antigo, porém nunca fenece
e a cada dia surge mais amante

Mais ardente, mais pobre de esperança.
Mais triste? Não. Ele venceu a dor,

e resplandece no seu canto obscuro,

tanto mais velho quanto mais amor.

CARLOS DRUMMOND ANDRADE



Nick* Fabrini

Um comentário: